sábado, 13 de fevereiro de 2016

de novo sobre a inutilidade das letras

de novo sobre a inutilidade das letras (ou vamo dançá uma guitarrada?)

escrevi um dia

há uns anos já

sobre a inutilidade das letras

sobre a não-função das palavras

sobre tudo que são esses desenhozinhos que chamamos de escritas-letras-textos-livros serem muito mais brincadeira e muito menos seriedade

humanos grandes de barba na cara ou seios que na verdade são crianças fingindo o adultismo 

ou a adultidade

querem o lúdico

gozar essa coisa inventada há pouco tempo chamada infância

e aí criam-se livros,

textos, crônicas,

escolas, universidades,

academia de letras,

imortalidade, cházinho e os cambau

e jornais e jornais e jornais

notícias notícias notícias

e esse falar sério

me faz rir demais

A VERDADE

A CIÊNCIA

é memo, rapai? então tá bão...

não to dizendo que não gosto das palavras

pelo contrário, gosto muito

mas quem hierarquizou-as?

quem falou que fernando pessoa é melhor que o embolador desconhecido

que karl marx é ciência e adoniran barbosa não é

é isso: nesses casos das letrinhas impressas em papel é tudo literatura, tudo puizia

platão, lênin, 

mutarelli, darwin

os tratados de rousseau

a sociologia de weber

as fórmulas de einstein

a carta do michel temer pra dilma

tudo literatura

e a ciência? não existe?
existe sim, é claro

mas tá no concreto, no real

não nas letrinhas e numerozinhos em papéis e lousas e computadores

e chega a ser exata tem hora

por exemplo, se eu salgo a comida ela fica salgada

não tem jeito

taí a ciência

se eu acento os tijolos de forma errada a casa cai

taí outra ciência exata

se eu ponho uma semente de abóbora na terra pode ser que nasça uma abóbora

taí uma ciência quase exata, que vai depender de vários fatores como clima, terra, água, adubo etc

se a sociedade não garante moradia e comida pruma parcela da população, essa parcela pode se revoltar de várias maneiras

taí outra ciência quase exata, uma quase - e provável - verdade

queria eu contra-argumentar um argumento bem argumentado de um bom argumentador cantarolando a lambada complicada do aldo sena ou o pegando corda do vieira e seu conjunto já pensou?

queria eu desenhar como o sergio aragonés das revistas mad da minha infância

mas, como já disse o millôr, poderia eu expressar meu poema sobre a inutilidade das palavras sem as palavras?

tem te né dem

tim tirim dim dim

ta vendo

até as onomatopéias da guitarrada estão escritas

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referências: 

pegando corda (vieira e seu conjunto): https://www.youtube.com/watch?v=H--XegJf948

lambada complicada (aldo sena): https://www.youtube.com/watch?v=AqnlFwp4YVA