segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Eu não entendo...

Parceria com Marta Varibe que foi publicada na Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e Pela Vida

Sobre cadeias e ladrões

Escrevi o texto abaixo prum zine em 2012 quando Eike Batista era a pessoa mais rica do Brasil e todos os jornais só elogiavam seu sucesso:

Parto do princípio de que toda propriedade é um roubo. Portanto quanto mais propriedades uma pessoa tem, mais ladra ela é. Portanto quanto mais dinheiro uma pessoa tem mais ladra ela é. Portanto o maior ladrão do Brasil é o Eike Batista. Se alguém nesse país tivesse que ser encarcerado por roubo esse alguém é o Eike Batista.


Só que também parto de outro princípio. De que ninguém deve ser encarcerado por roubo. 

O primeiro motivo é óbvio, só não vê quem não quer: no Brasil só são presos os pobres, na maioria negros; descendentes da relação escrota entre nativos, brancos europeus e negros africanos. Adivinha quem até hoje lotam as cadeias? Os que tinham armas menos mortais na época dessa relação escrota, claro. Até hoje, esses, com armas menos mortais na época, são os mais roubados, os que menos tem propriedades, e os que são encarcerados por roubo. Ou não é? São todos presos políticos.

O segundo motivo é porque parto do princípio já dito de que toda propriedade é um roubo. Logo, deve-se abolir a noção de propriedade - que é um roubo - e, conseqüentemente, abolir as cadeias que prendem pessoas por essa atitude - o roubo. 

LIBERDADE AO EIKE BATISTA!!!

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Em breve nas melhores e piores livrarias do ramo...

ISSO É ÓTIMO, GENIAL E PÉSSIMO 


AO MESMO TEMPO




sobre como tudo é caótico e complexo e como a forma binária de pensar ferra com as relações humanas


 ensaios livres de Abijupaé Tremoço

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Nostalgia


Eu já tava enxergando isso lá em 2017, dizia vovó enquanto comia uma barra de cereal. Ela contava que antes tinha um jeito diferente de se alimentar. Tinha o arroz e o feijão, que eram os alimentos de todo o dia, e tinha sempre um bicho morto que a gente comia também, dizia ela. Hoje são só essas barras de cereal compostas sem graça. Mas vó, aqui nas barrinhas tem tudo que a gente precisa, dizia eu contrariado, jogando meu jogo novo, mas escutando-a atento. 
Vovó continuava, estava falante naquele dia: saudade dos bairros, de andar a pé nas ruas. Mas a gente anda a pé na rua, reclamei, aquela nostalgia de vovó de certa forma me irritava. Você anda a pé aqui, na rua do condomínio, a gente andava a pé na rua de verdade, disse vovó aumentando o tom, mais ríspida, meio que entrando na música da minha irritação.
Eu me acalmei pra tentar entender o que ela dizia, não me fazia sentido nenhum falar que a rua do condomínio não era uma rua de verdade. Tinha uma rua em que andávamos todos, a pé, a hora que queríamos, ricos e pobres, ela falou. Fiquei atento escutando. Médicos, professores, técnicos, empregadas domésticas, todos andavam na mesma rua. Tinha um lugar chamado centro da cidade. Minha mãe, que era professora de educação infantil, adorava fazer compras uma vez por semana no centro da cidade, continuou vovó, meu pai gostava de pescar no mar, era de graça, só jogar a vara. E ao invés dessa pílula imbecil que a gente toma toda a noite, a gente tinha jeitos diferentes de viajar estando aqui: tínhamos o álcool, a maconha... Eu adorava uma cervejinha - os olhos de vovó brilharam ao dizer a a palavra cervejinha, ela estava bem falante. Achei engraçada o som daquela palavra: cervejinha, repeti mentalmente, cervejinha...
Mas as coisas mudam muito rápido, querido. De repente começou todo mundo a se mudar dos bairros, que eram amontoados de casas como os condomínios, mas que ficavam nas ruas de verdade, porque os bairros estavam perigosos, e os governos deixaram de investir em educação e saúde, e passaram a investir só em policiamento e cadeias. Aí eram prisões e mais prisões, a juventude pobre foi sendo presa aos milhares semanalmente, e as cadeias viraram centro de empregos pros técnicos. Quando percebemos as favelas só tinham as empregadas domésticas, faxineiras e cozinheiras. Daí veio a lei de 2062, em que proibiram as favelas de existir. Daí as empregadas domésticas, faxineiras e cozinheiras passaram a morar nas cadeias junto com seus filhos, pais e irmãos. Daí hoje vocês nem enxergam outro jeito possível de entender a coisa toda, pois só enxergam os condomínios e as cadeias, finalizou vovó, num tom triste.
Minha mãe entrou assustada na sala, me chamou pro quarto dela e falou baixinho uma coisa que também não entendi: 
- Não leve sua vó a sério, meu filho, ela está senil e agora deu pra ter essas conversas carregadas de ideologia comunista.

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Condenado


O futuro das cidades


Lutar não é crime - Libertem Boulos

2017 começa mais bosta que 2016. Mais um despejo absurdo de famílias que não tendo onde morar buscaram ocupar pacificamente um terreno vazio e abandonado. Mais um prisão absurda de um militante que estava apoiando os direitos humanos mínimos destas famílias morarem. 700 famílias, 3 mil pessoas que agora não tem mais suas casas. Tudo em nome do lucro e da propriedade.

Me somando à campanha Lutar não é crime - Libertem Boulos publico aqui uma seleção de desenhos que fiz para o MTST e outros movimentos de luta por moradia.
Depois dos desenhos publico o comunicado mais recente do MTST.





Quadrinho do zine Canto nº1, de fevereiro de 2012, após o Massacre do Pinheirinho


desenho pro zine Maria, Maria nº 1, da ocupação Zumbi dos Palmares do MTST em Sumaré.





pra revista Territórios Transversais nº2(2014)



pra página do MTST (2014)


Campanha Menos Ódio - Mais Moradia(2015) 


Oficina de zine e HQ na ocupação Faixa de Gaza (São Paulo-2013)



Marcha pela água (2015) 


Vó Canhota vendo TV em 2015 


Homenagem às marchas contra a corrupção (publicado na página do MTST - 2015) 


para MTST - 2015 


Minha candidata para próxima eleição fazendo campanha em 2015


 desenho que fiz com roteiro da Frente de Saúde Popular do MTST de São Gonçalo - RJ




desenhos para comunicado do MTST (2016)


sobre um fetiche que só alimenta a Indústria do Cárcere e não resolve porra nenhuma(2016)


Campanha Estamos com Boulos (2016)

Vó Canhota vendo o golpe pela TV (2016)



desenhos relembrando a campanha Menos Ódio - Mais Moradia depois que um tiro atingiu a militante do MTST Edilma Aparecida em Itapecirica da Serra

para MTST(2016)

Nota do MTST sobre o Despejo de 700 famílias da ocupação colonial e a injusta prisão de Guilherme Boulos

No despertar da manhã de hoje, centenas de policiais do batalhão de choque da polícia militar de São Paulo cercaram o terreno onde mais de 700 famílias estão ocupadas a mais de um ano no Jd. Colonial, zona leste de São Paulo.
Cerca de 3 mil pessoas: homens, mulheres, crianças, idosos, deficientes que foram jogados na rua por uma decisão judicial que considerou apenas os interesses do proprietário de um latifúndio urbano que só servira antes das pessoas morarem ali para especulação imobiliária..
A todo o momento, o MTST procurou alternativas para evitar o despejo, evitando assim um massacre de pessoas pobres que nada mais estavam que lutando pelo direito constitucional da moradia.
Infelizmente, nossos esforços foram em vão e a PM de Alckmin levou a frente uma ação desumana contra as famílias da ocupação Colonial.
Sem respostas favoráveis do poder público e do judiciário, os moradores se viram sem alternativas e partiram para a resistência a ordem de despejo
Mesmo a ocupação Colonial não sendo uma ocupação do MTST, o companheiro Guilherme Boulos, membro da coordenação nacional do MTST, acompanhou o processo desde o início a convite dos representantes da ocupação Colonial, na tentativa de encontrar um desfecho favorável para as famílias da ocupação.
No entanto, a PM de Alckmin, de forma autoritária, resolver prender o companheiro Guilherme Boulos sob a acusação de desobediência civil e por participar e organizar manifestações contra as medidas de retirada de direitos do governo ilegítimo de Michel Temer.
A prisão do Guilherme Boulos, assim como o despejo das famílias da ocupação Colonial são uma demonstração do modus operandi político criminalizatório em voga contra os movimentos sociais, contra os pobres, contra os direitos sociais e os serviços públicos.
Um verdadeiro absurdo, uma vez que Guilherme Boulos esteve o tempo todo procurando uma mediação para o conflito.
Neste momento, o companheiro Guilherme continua detido no 49ª DP de São Mateus.
Não aceitaremos calados que além de massacrarem o povo da ocupação Colonial, jogando-os nas ruas, ainda queiram prender aqueles que tentaram ajuda-los.
Continuaremos acompanhando as famílias e lutando contra esse despejo injusto.

Movimento dos Trabalhadores Sem Teto

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

hehehehehe

só sobrarão os puros
só sobrarão os heróis
de direita
de esquerda
de centro
de extrema direita
de extrema esquerda
de extremo centro
só sobrarão os heróis
só sobrarão os puros

hehehehehe

só nada!

vocês vão ter que conviver com os imperfeitos
com os podres
com os mais ou menos
com os indecisos
com os confusos
com os que não são puros em nada
com os ignorantes
com os que não cresceram
com os que chegaram atrasados
porque trabalharam demais
ou porque ficaram dormindo

vai sobrar todo mundo nessa bagunça

hehehehehehe

publicado no zine Riqueza - poemas de rima pobre número 2
para comprar escreva para zinedojao@gmail.com

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

encontro

foi massa,
moça

o papo sobre a missa
a meia calabresa meia mussa

mas meça
suas palavras

e nunca mais
fale mal do mussum

(com batata sem umbigo e gugas em outubro de 2015 no bar do ademir)